Em
mais uma crítica à cobertura da Globo News sobre os protestos identifico que
apenas professores de história, antropologia, ciências políticas entre mais
algumas especialidades compartilham suas avaliações sobre um fenômeno que não
pode ser dissociado de reações emocionais e necessidades motivacionais básicas.
Sem alguém para passar uma perspectiva psicológica de um povo que cresceu sendo
extorquido, explorado e literalmente,
apanhando da polícia, fica difícil entender reações extremadas de um pequeno grupo
que age também pelo instinto de preservar até mesmo suas necessidades
motivacionais básicas. As reações emocionais e comportamentais provenientes de algumas
condições de vida também extremadas, podem envolver mecanismos conscientes e
não conscientes nas repostas aos diferentes estímulos durante as manifestações,
tais como objetos representando instituições, estímulos provenientes da
polícia, incitações populacionais e interpessoais. Muitas vezes, tais reações
buscam se justificar em uma série de ações, omissões governamentais e
repressões desleais pelos policiais. Em alguns casos, as respostas elicitadas
podem ser manifestadas por mecanismos muito mais implícitos do que racionais,
tais como a estimulação de sistemas primitivos responsáveis por comportamentos
apetitivos e defensivos (evolutivamente compartilhados até mesmo com répteis) o
qual pode fazer com que, na frente de um agressor em potencial do seu direito (polícia?
governo?), a resposta comportamental seja de luta ao invés da fuga. Mas,
tirando uma minoria de pessoas que não conseguem regular suas emoções básicas e
complexas (raiva, indignação, tristeza, ansiedade, entre outras), uma grande massa
passa a se comunicar e se articular por redes sociais, mecanismo que passa a
propiciar uma maior consciência sobre poderes e vantagens das mobilizações, bem
como as suas desvantagens (principalmente pelo estado, nitidamente com
políticas falidas). Aos poucos (bem lentamente) e implicitamente, tenderemos a uma
regulação mais funcional das respostas extremadas e conseguiremos interagir de
uma maneira mais inteligente (polícia, governo e população) na busca da
garantia pelos nossos direitos. Tais movimentos também demonstram uma possível
extinção do condicionamento ao estado inerte que a população foi submetida e
assim, é possível estimar que os protestos não se acabem por R$0,20 centavos
mas que se mantenham até a abertura de uma negociação popular (e não com
lideranças inventadas pela mídia) sobre saúde, educação, transporte e
transparência do poder público. Não
importa se será a Dilma ou seu substituto, a representação do estado como a
instância a dever e que é requisitada a negociar, faz de um impeachment uma simples substituição de
peças em um sistema disfuncional. Sem
desconsiderar a importância de uma visão histórica, antropológica e política,
espero somente que psiquê humana também seja considerada nesta discussão a fim
de propiciar condições mais favoráveis no
entendimento e negociação com o povo brasileiro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário