terça-feira, 18 de junho de 2013

A psicologia dos protestos no Brasil e dos comportamentos extremados


Em mais uma crítica à cobertura da Globo News sobre os protestos identifico que apenas professores de história, antropologia, ciências políticas entre mais algumas especialidades compartilham suas avaliações sobre um fenômeno que não pode ser dissociado de reações emocionais e necessidades motivacionais básicas. Sem alguém para passar uma perspectiva psicológica de um povo que cresceu sendo extorquido,  explorado e literalmente, apanhando da polícia, fica difícil entender reações extremadas de um pequeno grupo que age também pelo instinto de preservar até mesmo suas necessidades motivacionais básicas. As reações emocionais e comportamentais provenientes de algumas condições de vida também extremadas, podem envolver mecanismos conscientes e não conscientes nas repostas aos diferentes estímulos durante as manifestações, tais como objetos representando instituições, estímulos provenientes da polícia, incitações populacionais e interpessoais. Muitas vezes, tais reações buscam se justificar em uma série de ações, omissões governamentais e repressões desleais pelos policiais. Em alguns casos, as respostas elicitadas podem ser manifestadas por mecanismos muito mais implícitos do que racionais, tais como a estimulação de sistemas primitivos responsáveis por comportamentos apetitivos e defensivos (evolutivamente compartilhados até mesmo com répteis) o qual pode fazer com que, na frente de um agressor em potencial do seu direito (polícia? governo?), a resposta comportamental seja de luta ao invés da fuga. Mas, tirando uma minoria de pessoas que não conseguem regular suas emoções básicas e complexas (raiva, indignação, tristeza, ansiedade, entre outras), uma grande massa passa a se comunicar e se articular por redes sociais, mecanismo que passa a propiciar uma maior consciência sobre poderes e vantagens das mobilizações, bem como as suas desvantagens (principalmente pelo estado, nitidamente com políticas falidas). Aos poucos (bem lentamente) e implicitamente, tenderemos a uma regulação mais funcional das respostas extremadas e conseguiremos interagir de uma maneira mais inteligente (polícia, governo e população) na busca da garantia pelos nossos direitos. Tais movimentos também demonstram uma possível extinção do condicionamento ao estado inerte que a população foi submetida e assim, é possível estimar que os protestos não se acabem por R$0,20 centavos mas que se mantenham até a abertura de uma negociação popular (e não com lideranças inventadas pela mídia) sobre saúde, educação, transporte e transparência do poder público.  Não importa se será a Dilma ou seu substituto, a representação do estado como a instância a dever e que é requisitada a negociar, faz de um impeachment uma simples substituição de peças em um sistema  disfuncional. Sem desconsiderar a importância de uma visão histórica, antropológica e política, espero somente que psiquê humana também seja considerada nesta discussão a fim de  propiciar condições mais favoráveis no entendimento e negociação com o povo brasileiro.

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