quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Neurociência está na área!

A neurociência literalmente entrou em campo para estudar a variabilidade motora de atletas de futebol durante chutes de bola parada. Mais especificamente, no trabalho de Conde e colaboradores (2012), foi proposta uma adaptação de técnicas cinemétricas para o estudo, avaliação e treinamento de componentes neurocognitivos relacionados ao chute. Em outras palavras, o trabalho se refere a funções como percepção espacial, estimativas do ambiente externo e da condição interna do organismo, planejamento motor e controle neural do movimento. O artigo foi intitulado como "Aspectos Neurais em chutes no futebol: um estudo de caso sobre a adaptação de técnicas cinemétricas para avaliação e treinamento cognitivo"e teve a co-autoria de Alberto Filgueiras, Raphaella Andrade, Joana Bastos Matos, Paulo Ribeiro, Adriana Lacerda e o prof. Emílio Takase. Aproveitem a leitura!






 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Aspectos neurofisiológicos relacionados com a experiência de "Flow"

O estado de flow pode ser considerado uma experiência de completa absorção pela realidade, onde todos os objetivos são atingidos de forma plena, com equilíbrio mental e pouca ou nenhuma dificuldade. A percepção temporal é alterada e a interação com as demandas do ambiente é extremamente facilitada.  Geralmente tal experiência é inesquecível e popularmente inexplicável. A dificuldade de se conseguir adentrar nesse estado voluntariamente torna qualquer abordagem cientifica bem limitada.

Ainda assim, a prof. Debbie Crews, da Universidade do Arizona, conseguiu reproduzir em seu laboratório  uma situação na qual controlou experimentalmente níveis de pressão psicológica e assim, pode observar que alguns atletas tinham mais facilidade de entrar no "zone"e abstrair dos estímulos que foram capazes de induzir nervosismo e ansiedade nos demais participantes (Crews, 2001). Na referida pesquisa, os atletas tiveram alguns sinais psicofisiológicos monitorados (HRV, EMG, Etc.), bem como a atividade cerebral através do EEG. Seus dados revelaram diferenças neurofisiológicas entre os dois grupos grupos de atletas (figura 1). Nos resultados, dois padrões de atividade cerebral específicos foram identificados. Na condição de estresse elevado, pode-se observar uma assimetria na excitabilidade neuronal entre os atletas que conseguiram desempenhar sua tarefa com sucesso (direita), daqueles que não conseguiram focar nos aspectos relevantes da tarefa frente aos estímulos estressores (esquerda). Houve também uma predominância da atividade simpática (taquicardia, tremores e sudorese) nos atletas que se sentiram pressionados/nervosos. O experimento foi divulgado pela Discovery alguns anos atrás.



Figura 1: Diferenças nos padrões de atividade cortical identificado em atletas suscetíveis ao nervosismo (esquerda) e atletas capazes de um amior envolvimento com as demandas do esporte (direita). Imagem adaptada do trabalho de Burzig (2004).

De acordo com o estudo de Burzig (2004), a assimetria encontrada por Crews (2001) interfere diretamente no desempenho esportivo pelo fato do baixo envolvimento do hemisfério direito, que teria especialidades importantes para a prática do esporte, como a intuição, a consciência temporal; atenção espacial e a consciência corporal, entre outras (Springer e Deutsch, 1989).  

Diante desses dados e outras fontes, algumas aboradagens de treinamento cerebral, como o neurofeedback, pretendem ampliar a capacidade de controle cerebral e facilitar um atividade simétrica entre os dois hemisférios cerebrais (Evans e Abarbanel, 1999; Gruzelier e Egner, 2004).

Apesar desses achados iniciais, a temática do flow é muito complexa, sendo necessários outros estudos que possam nos oferecer bases mais consistentes sobre a neurofisiologia do Zone.

 
Referências:

A Burzik, On the neurophysiology of flow thought-provoking studies from sport and music psychology, neurofeedback and trance research, Second European Conference on Positive Psychology, Verbania Pallanza, Italy, 5-8 July 2004.
Crews, D. (2001). Putting Under Stress, in: Golf Magazine, 3, pp. 94-96.
Evans, J. & Abarbanel, A. (1999). Introduction to Quantitative EEG and Neurofeedback, London: Academic Press.
Gruzelier, J. & Egner, T. (2004). Physiological self-regulation: Biofeedback and neurofeedback, in: Aaron Williamon (Ed.), Musical Excellence. Strategies and Techniques to Enhance Performance, Oxford.
Springer, S. & Deutsch, G. (1989). Left Brain, Right Brain, New York: W.H. Freeman and Company.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Exercício Físico e Saúde Mental

Coordenado pela professora Andréa Deslandes, O Laboratório de Neurociência do exercício (LaNex), em  parceria com outros núcleos de pesquisa, tem produzido importantes evidências acerca da contribuição do exercício físico para a promoção da saúde mental e melhoria de funções cognitivas. Como exemplo temos os artigos:






Alguns resultados demonstraram que pacientes com transtorno depressivo maior submetidos a treinamento com exercícios aeróbicos, apresentaram  padrões de atividade cortical diferentes em regiões frontais e parietais, quando comparados a um grupo sedentário em avaliações com EEG clínico.


Essa linha de pesquisa assume grande relevância na área da neurociências do esporte e do exercício pois oferece indícios terapêuticos relacionados com a prática do esporte e da atividade física e assim contribui para a disseminação da importência de uma vida com a prática de atividades físicas regulares. Os resultados que estão sendo obtidos nos estudos da prof. Deslandes e de seus colaboradores contribuem também para a ampliação na atuação de psicólogos do esporte, profissionais de educação física, médicos e fisioterapeutas.

Fica aqui registrada a indicação de leitura dos estudos acima referenciados para aqueles que desejarem se aprofundar nos temas relacionados às neurociências, exercício e saúde mental!

"Mens sana in corpore sano" é uma famosa citação latina criada poeta romano Juvenal, que já relatava  essa estreita ligação entre saúde mental e saúde física, a qual  está sendo desvendada em minúcias pelos estudos recentes das neuroências.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Meditação e neuroplasticidade

Um grupo de pesquisadores da UCLA utilizou imagens de alta resolução através da ressonância magnética para investigar os efeitos da meditação no cérebro. Como resultado, os pesquisadores descobriram que determinados circuitos neurais são mais desenvolvidos em pessoas que praticam meditação, quando comparados a um grupo controle. Mais especificamente, tais pessoas apresentam conexões mais densas em regiões cerebrais relacionadas com o aprendizado, memória, auto regulação emocional e cognitiva.

O artigo pode ser conferido na íntegra através do link
http://www.mindinsight.co.uk/docs/PIIS092549271000288X.pdf




O artigo de Shambhala Sun (2011), faz uma revisão na qual cita resultados obtidos em estudos funcionais, complementando o estudo da Hözel, que apresenta dados mais anatômicos. Shambhala Sun traz inclusive, dados de protocolos que envolvem a tomografia por emissão de pósitrons (PET-Scan).  Aproveitem a leitura e meditem sobre os benefícios que a meditação pode lhe oferecer! 





 Referência:

Hölzel, B.K.; Carmody, J.; Vangel, M. et al. (2011). Mindfulness practice leads to increases in regional brain gray matter density. Psychiatry Research: Neuroimaging, 191 (1), 36-43.  

Shambhala Sun. (2011). This is your Brain in Mindfulness. In http://www.nmr.mgh.harvard.edu/~britta/SUN_July11_Baime.pdf Acessado em 22 de maio de 2012.

domingo, 22 de abril de 2012

Neurociência do Esporte e do Exercício

A indicação de leitura desse mês é o artigo do prof. Dr. Emílio Takase, que consegue deixar bem fácil o entendimento sobre como as neurociências podem ter aplicação no esporte. O artigo, publicado pela Revista Neurociências em 2005, faz uma revisão de abordagens tecnológicas no esporte, como a utilização do registro ocular para o estudo e treinamento da atenção espacial em tenistas e jogadores de basquete. Outra citação interessante que encontramos no referido artigo fala de uma pesquisa com potencial relacionado a eventos durante a prática do tiro esportivo. Ressalto ainda as referências à utilização de bio/neurofeedback e uma aproximação do discurso com as práticas tradicionais da psicologia do Esporte. Em suma, o trabalho do Takase (2005) se tornou, sem dúvida alguma, uma referência nacional na área da Psicologia e Neurociências do Esporte. Aproveitem!

 



terça-feira, 10 de abril de 2012

Em iniciativa inovadora no esporte brasileiro, psicólogos da CBJ utilizam jogos eletrônicos para trabalho mental com judocas


A implementação dos sistemas de Bio e Neurofeedback nas ações do serviço de psicologia da Confederação Brasileira de Judô parece ter repercutido bem no meio esportivo. Nessa postagem, anexamos a cobertura realizada pelo jornal "O Lance" sobre o nosso trabalho.

O Biofeedback é um instrumento que capta, amplifica e converte sinais biológicos para o formato de jogos computacionais. Com base nessas informações sobre os processos internos do organismo, a pessoa pode se auto-regular para modificar estados psicofisiológicos, como tensões musculares, ansiedade, ritmos cardio-respiratórios e cerebrais.

O neurofeedback é um método de treinamento do cérebro que utiliza interfaces entre o EEG e o computador, em uma técnica baseada no condicionamento operante e que possibilita ao sujeito alterar a própria atividade cerebral de acordo com o aprendizado (Angelakis et al., 2007). No esporte, Hammond (2007) propõe que o treino em neurofeedback pode melhorar o desempenho em diferentes modalidades esportivas. A melhoria no rendimento é atribuída a uma maior capacidade de controle emocional e de utilização de capacidades cognitivas, como a atenção e a concentração. Adicionalmente, ressaltamos que os benefícios da proposta metodológica com bio e neurofeedback já foram comprovados cientificamente em atletas de nível olímpico (Dupee & Werthner, 2011).



Referências:

1) Angelakis, E.; Hatzis, A.; Panourias, I. G. & Sakas, D. E. (2007). Brain computer Interface: a reciprocal self-regulated neuromodulation. Acta Neurochir Suppl, 97 (2): 555-559.
2) Dupee, M., & Werthner, P. (2011). Managing the stress response: the use of biofeedback and neurofeedback with olympic athletes. Biofeedback, 39(3), 92-94.
3) Hammond, D.C. Neurofeedback for the Enhancement of Athletic Performance and Physical Balance. The Journal of the American Board of Sport Psychology, 2007(1): 1-9.

Links Relacionados:

http://www.lancenet.com.br/mais-esportes/Pac-Man-ajudar-judocas-medalhas-Londres_0_679132243.html

http://cbj.dominiotemporario.com/2011app/site/index.php?acao=visualiza&modulo=noticia&id=2351